26 de março de 2011

Vista do monte Holyoke

Thomas Cole (1801-1848) se viu contemplando "o seio daquele vale remoto, rodeado de verdes outeiros, campinas multicores e extensas plantações, [por onde] serpenteia vagaroso um rio prateado"¹, este rio era o rio Connecticut, visto do monte Holyoke, onde Cole estava e pintou uma de suas mais majestosas obras.

Cole fazia parte da chamada Escola do Rio Hudson, um grupo de artistas que pintavam paisagens durante o século XIX, influenciados pelo romantismo e pelo naturalismo e estando sempre em busca do local que representaria a essência do homem, do homem americano principalmente. Cole é considerado fundador do grupo e suas pinturas são referências quando se fala sobre estes artistas.

Vista do Mount Holyoke, Northampton, Massachusetts, depois de uma trovoada.

Para mim esta imagem (que estará sempre por aqui) representa uma ótima sensação que possuímos, pois mostra a violenta tempestade que passou e agora deixa um tempo tranquilo para trás que é agraciado por leves raios de sol. Quem nunca presenciou tal momento? 

Mais do que apenas a tempestade (o passado) indo embora, Cole faz referência a um possível avanço da tecnologia humana sobre natureza "selvagem" que estava intocada no alto daquele monte. Diferentemente de seus colegas artistas, Cole retrata o conflito entre as duas paisagens de modo a não mostrá-las em convívio pacifico apesar do equilíbrio de forças retratado. O campo aqui é destacado como o futuro que está por vir, mostrando campos cultivados, casas simples com suas chaminés soltando uma fumaça nostálgica e que traz aconchego para o interior dessas residências. É o progresso americano chegando aos mais longínquos locais, por bem ou por mal.

Escrevendo agora percebo também a semelhança dessa paisagem com a de Santa Maria, cidade onde moro. O monte Holyoke possui 285m, não muito diferente do que os montes que cercam a minha cidade. A vista do monte Holyoke não deve ter muitas mudanças daquela encontrada por essas terras tempos atrás. Talvez Avé-Lallemant, um viajante alemão que por aqui passou no século XVIII, tenha visto algo semelhante ao estar no alto da serra de Santa Maria percebendo as árvores da Mata Atlântica contrastando com os campos do Pampa gaúcho lá embaixo. É... talvez a gente possua mais coisas em comum mesmo.

Então aqui o post prometido para falar da pintura que será o tema de fundo deste blog, ela serve para mostrar idéias, sentimentos e pensamentos que tentarei jogar aqui, além disso ela é um sinal de que a pintura não se resume a Salvador Dali ou a Leonardo da Vinci, professores de história podem e devem trabalhar outros diversos autores.

¹ American paradise: the world of the Hudson River School (Nova York: Metropolitan Museum of Art, 1988), 127.

Um comentário:

  1. João,

    Esse post me dá a sensação de ter aquela nostalgia de que falávamos no caminho de santa maria, materializada. Adorando o blog!

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